Gruta das Sete Vias

Em tempos longínquos, talvez até um século atrás ou mais, quando os tijolos das olarias ainda não estavam na moda, era normal se extrair pedras de arenito (a dita pedra vermelha), de vários morros ou falésias por aí a fora, vemos vestigios disso até hoje em muitos morros de arenito da região e nessa gruta não foi diferente.

E talvez ela tenha tomado a forma que tem hoje, por causa de seus recortes dinamitados de uma mini pedreira, pois bem, não sabemos. O fato é que o local têm uns 50 metros de extensão com duas beiradas sobrepostas de inclinação que dão o seu formato. E ali temos negativos, tetos, bordas, diedros, aderências e tudo mais. E já no final, acessando por uma corda guía, chegamos a um mirante para o por do sol com direito a um sofá de pedra que está anexado a gruta.

A gruta do morro das Cabras sempre foi um lugar especial. Não só para mim, mas para alguns amigos também que ainda escalam. A frequentamos desde que éramos adolescentes nos anos 90. E quando começamos a equipar várias vias no morro em 2020, logo viemos a pensar que a gruta pudesse ser um setor a parte, um lugar nais retirado da entrada e de extremo valor, não somente pessoal mas também pelo grau das Vias que teriam por lá.

E nesse texto resaltamos a via “primo do sette”, uma rota que ao olhar rapidamente parecia ser improvável devido a sua inclinação de quase teto e de algumas agarras escondidas. Mas quando deitávamos ao chão para observarmos com calma, a leitura dos movimentos parecia fluir numa sintonia óbvia. Uma Via de grau elevado, de muita força, muito uso de pé alto, requer boa elasticidade e resistência.

Sua equipagem foi toda feita em clifs, indo de baixo passo a passo, grampo a grampo. Com certeza, uma via que deveria mesmo existir e fazer parte da historia da gruta.

E me obrigo a dizer que só decidi realmente iniciar os trabalhos por conta de uma persuasão insistente de meu primo, parceiro de conquistas.

Conquistadores:

André Sette
Iverson Angonese (O primo)

Texto escrito pelo conquistador, André Sette.